quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Perguntas à Olímpia

Olá Olímpia,
Meu nome é Sonia de A. Morais e sou de Juiz de Fora-MG. Penso que estou com um problemão e peço a sua orientação. Tenho um aluno, de 9 anos, que lê muito bem, mas não sabe escrever. Por favor, o que fazer? Por onde começar? 
Muito obrigada.
 Cara professora Sonia,
 Quando li sua pergunta, fiquei com vontade de ir até sua escola, para podermos papear um pouquinho mais... Isso porque fiquei um pouco intrigada com a situação apresentada por você. Mas como estamos bem distantes, vamos tentar conversar pela escrita, certo?
Tenho dois pontos a destacar: primeiro, é preciso pensar sobre as situações de leitura que estão sendo apresentadas para o aluno e, segundo, refletir acerca das relações entre ler e escrever.

Sobre o primeiro aspecto, entendo ser necessário avaliar se os momentos de leitura envolvem, de forma mais acentuada, a leitura de pequenos textos em prosa ou mesmo de listas de palavras, em voz alta, pois já presenciei casos em que os alunos memorizavam, com muita facilidade, os textos lidos em sala. Então, quando chegava “a sua vez” de ler, pareciam fazer o trabalho de decodificação quando, na verdade, estavam falando o que haviam decorado. Será que isso pode estar acontecendo com seu aluno? Ainda, vale perguntar: esse “saber ler muito bem” está voltado a apenas momentos de leitura em voz alta ou também a outros, como por exemplo, de leitura compartilhada? Ele consegue continuar a leitura de um parágrafo que nunca foi lido em classe? Ele consegue responder a questões sobre o conteúdo do texto lido?
 Aliado a essa questão, está o nosso segundo ponto de reflexão: as relações entre ler e escrever. Aqui, vale indagar: Será que o aluno não consegue escrever sequer palavras cotidianas, apresentadas e lidas pelo professor e pela turma? Será que “não saber escrever” significa não escrever de acordo com a base alfabética da língua? Será que ele não escreve o que lê ou não consegue escrever qualquer palavra, mesmo que tenha feito a leitura?
 Para conseguirmos sair desse lugar cheio de pontos de interrogação, teremos de avaliar o que esse aluno realmente sabe sobre a leitura e a escrita. Nesse sentido, acredito que uma investigação focada em diferentes atividades poderá ajudar. Veja algumas sugestões:
 1) Leitura de diferentes palavras, mais e menos conhecidas por parte do aluno. Peça para ele ler todas as palavras e verifique se há diferença entre o que ele já costuma ler e o que não é tão familiar;
 2) Leitura de textos em prosa, de duas formas: primeiro, com um texto já lido em sala e, portanto, conhecido pelo aluno. Na sequência, com um texto ainda não lido em sala, de modo que você possa começar a leitura e, em um parágrafo a escolher, sem localizar previamente (sem apontar, por exemplo), você solicita que ele continue a história;
3) Escrita de palavras. Escolha algumas das palavras lidas na primeira atividade para solicitar que o aluno as escreva. É interessante escolher algumas que ele conseguiu ler e outras que não conseguiu. Também é importante analisar uma situação de escrita de um pequeno texto, como uma tirinha ou um bilhete, desde que seja um gênero conhecido pelo aluno.
 É isso! Espero que essa nossa “prosa” tenha ajudado um pouquinho... Fique à vontade para fazer outras perguntas (e isso vale para todos os leitores!) e, inclusive, voltar a escrever quando tiver os dados dessa investigação diagnóstica, ok?
Obrigada pelo seu contato e sucesso!
Um abraço e até já,
Olímpia
Retirado do Portal da OLP - https://www.escrevendoofuturo.org.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=83&Itemid=216

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